segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Diretoria Cultural e Social: Memorial Afetivo, Visual e Social da Auxiliadora

Marcos Sari, brasileiro, diretor cultural da AMA, artista plástico, formado em Artes Visuais pela UFRGS. Formação e função na AMA diretamente relacionadas, porque os olhos são as parabólicas do artista visual. Tem registro apurado de memória visual e afetiva. Não a toa, Marcos faz as fotos dos eventos e deste blog.

Andres Ramos, uruguaio, diretor social da AMA, comerciante, formado em ouvir histórias de clientes há 10 anos, na esquina da Nova York com a 24 de Outubro, em frente a Espaço Vídeo. Conhece todo mundo pelo nome e apelido, profissão e preferência futebolística. Seu tempo de trabalho é social. Não a toa, faz canal direto de relação comunitária no bairro.
Ezra Pound disse: "Os artistas são as antenas da raça". Karl Marx disse: "O tempo é o campo do desenvolvimento humano."

O projeto não poderia estar em melhores mãos. Nem em melhores olhos e ouvidos.

O projeto Memorial Afetivo, Visual e Social da Auxiliadora vislumbra a comemoração do 50 anos do bairro Auxiliadora, em 2009. E se inscreve no contexto de exercício comunitário da preservação do patrimonio material e imaterial, segundo a Unesco.

Por meio e método de permanente registro e resgate da memória Afetiva (famílias/história oral), Visual (meio ambiente urbano) e Social (espaço público/comunidade) do bairro Auxiliadora.

Para inaugurar, com muita honra e satisfação, apresentamos o Sr. Osvaldo Oliveira

Fonte de Bondade
Morador da Rua Arthur Rocha, desde 1918, o Sr. Osvaldo Oliveira, 92 anos, é a simpatia em pessoa.

Ele descobriu no terreno da casa uma nascente da pedra de onde, devido a formação rochosa, mesmo em estação de secas, verte forte água pura e cristalina: 'Uma água leve!', como diz, com um sorriso de bondade.
Sr. Osvaldo Oliveira
Bondade que o fez encanar essa água para o limite do terreno, com um rebaixo no muro para calçada e uma escada de pedra, para oferecer uma fonte pública e gratuita ao bairro Auxiliadora.

'Chegaram a dizer que era água contaminada... Eram os vendedores de água mineral incomodados com a água de graça.', gracejou com os gestos sábios da benevolência.

Como bom anfitrião, apresentou-nos a fonte e recomendou: 'Podem pegar água aqui a vontade. É com essa água que cozinho em casa minha comida'.


Como comentou Marcos: 'O senhor é a prova viva de que a água é boa'. Então, ao relembrar memórias afetivas do bairro e família: outra nascente - suas lembranças de vida, do bairro e da família. "Vim morar nessa casa com 2 anos...", balbucia.

O pai, comerciante de bebidas de uma importadora alemã: 'Cruzava Porto Alegre, de norte a sul. Era muito bom vendedor.', salienta orgulhoso. A mãe, dona da fruteira na rua: 'A gente ia até o centro, próximo ao Mercado Público... Eu ainda pequeno, de carroça, comprar bananas.', comenta faceiro.

Daí, com a voz embargada de emoção e os olhos cheios de lágrimas. O Sr. Osvaldo combina ainda mais com sua fonte pública de bondade.

João Corrêa, sua filha Marina e o Sr. Osvaldo Oliveira

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